O Lighting Design é uma área de grande importância na arquitetura e no design de interiores. A iluminação deve atender questões funcionais e estéticas. Porém, ultrapassa a simples localização das fontes luminosas. Um projeto profissional, além de prever pontos, lida com a luz de forma plástica, criando ambientes cujas cores e as formas são valorizadas. Além disso, os atributos da fonte luminosa são estudados minuciosamente: temperatura de cor, índice de reprodução da cor, abertura do facho luminoso, economia, características funcionais, tipos adequados de luminárias, dentre outros.
Uma inspiração selecionada pelo Portal de Tendências é o Museu D’Orsay, em Paris. O projeto demonstra uma visão contemporânea e interdisciplinar de arquitetura. O projeto para a transformação da antiga estação ferroviária D’Orsay em um museu para abrigar coleções da arte francesa do século XIX teve como objetivo não interferir na arquitetura original de 1899. A concepção espacial preservou a qualidade única do volume existente, enquanto estabelece um diálogo equilibrado entre luz natural e artificial.
Os panos de vidro dos arcos que compõem as grandes estruturas metálicas foram preservados fornecendo iluminação natural, além da iluminação zenital da cúpula em berço.
As salas adjacentes à grande galeria foram criadas para exposição de obras de pequeno formato, que requerem condições de luz controladas. A parte arquitetônica visa a quantidade máxima de espaços neutros para permitir a liberdade criativa total para a criação de exposições temporárias. Duas passagens existentes foram preservadas no extremo sul da sala reconectando os visitantes à circulação do museu.
O projeto de iluminação exigia atenção especial: Aulenti não desejava adicionar estruturas ou elementos extras às estruturas pré-existentes de forma a interferir na visão geral do espaço.
Ao mesmo tempo que oferece soluções plásticas nas quais a luz é um importante componente do projeto, não há prejuízo na apreciação das obras de arte. A visualização das formas e cores constitui a primeira premissa. Ao longo do extenso corredor, o observador tem a visão da abóbada em berço, iluminada, valorizando a tonalidade amarelada. O revestimento das paredes é amarelado, mas a fonte luminosa proveniente da sanca apresenta temperatura de cor arroxeada, criando uma faixa contrastante entre a linguagem contemporânea deste primeiro piso e a abóbada restaurada, fielmente restaurada conforme os registros históricos e estratigrafia. No andar superior, há coerência entre o temário artístico exibido, a arquitetura, o espaço e as cores utilizadas. A arquitetura por si, já conduz o expectador ao ambiente de final de século. A cor reforça tal conceito. Portanto, a adoção de um branco com nuances amareladas e um piso bege reforçaram a neutralidade desejada no ambiente. Esta opção foi muito mais adequada que a aplicação de um branco de titânio, cujos componentes azuis arroxeadas criariam contrastes e articulações espaciais indesejáveis sob o ponto de vista funcional.
A concepção das galerias e a transformação arquitetônica da estação em um museu teve de apresentar novas soluções, inclusive de iluminação. Portanto, cuidado com os “neutros”: eles podem ser comportar cromaticamente, fruto de distorções entre a fonte luminosa e o pigmento da tinta ou tonalidade do material do revestimento.